Portugal votou contra regresso da caça à baleia

"O Governo português e os armadores açorianos discordam do levantamento da moratória internacional à caça comercial à baleia, que deu um pequeno passo, com a aprovação de uma moção que já não a considera necessária, mas dividiu a meio a Comissão Baleeira Internacional. O Japão, a Noruega e outros países pró-caça cantam vitória diplomática, mas os 33 votos favoráveis (32 contra e uma abstenção) não chegam para revogar o documento, pois são necessários 75% dos membros da organização, reunida na ilha de St Kitts e Nevis, nas Antilhas. Representado pelo biólogo Jorge Palmeirim, Portugal opôs-se ao levantamento da moratória, violada ostensivamente pela Noruega. O ministro do Ambiente da Nova Zelândia, Chris Clark, classificou a votação como "a derrota mais dura para a causa da conservação jamais sofrida na CBI" e o porta-voz da delegação nipónica, Glenn Inwo, exultou "Agora é só uma questão de tempo até a moratória desaparecer completamente". Apresentada pelo Japão, porta-estandarte pró-caça, a moção declara que a moratória, "concebida como uma medida temporária, já não é necessária".O eventual levantamento da moratória é encarado nos Açores com preocupação. "Esta região tem talvez a pesca mais selectiva e mais respeitadora do ambiente da Europa", diz o presidente da Federação das Pescas dos Açores, Liberato Fernandes. Indicando que os produtores locais não estão interessados em voltar a caçar baleias, receia que uma liberalização leve estrangeiros para a região, onde os cetáceos se tornaram um importante atractivo turístico. "Os armadores açorianos têm demonstrado uma sensibilidade muito grande pela conservação dos recursos e a protecção dos cetáceos tem hoje um importante valor económico", no fomento de actividades marítimas de observação, acentua o presidente da Quercus, Helder Spínola, receando os avanços progressivos do lóbi internacional pró-caça." in Jornal de Notícias, 20-06-2006