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sábado, abril 21, 2007

Câmara despejará quem abrigar cães perigosos

"Quem tiver cães perigosos em habitações municipais, corre o risco de ser despejado. A Câmara do Porto endurece as regras. Desde Junho de 2005 que a proibição está em vigor e a infracção dá direito ao pagamento de uma multa entre 500 euros e 3 740 euros. Ainda assim, há inquilinos que não respeitam as regras. No ano passado, a Empresa Municipal Domussocial, responsável pela gestão do património habitacional camarário, recebeu 104 denúncias de famílias que mantinham animais perigosos em casas sociais.
O incumprimento leva, agora, a Autarquia a ameaçar com o despejo, no caso dos animais perigosos ou potencialmente perigosos (ler Pormenores) "comprometerem a segurança, a ordem pública, a paz social ou a salubridade dos fogos e dos espaços municipais", como pode ler-se na proposta, assinada pela vereadora da Habitação, Matilde Alves, a que o JN teve acesso. O documento -, que será submetido a votação na próxima reunião pública do Executivo, agendada para terça-feira -, prevê que, "em caso de manifesta urgência" e face à "perigosidade" do animal alojado em espaço municipal ou que esteja a circular nas urbanizações, o Município do Porto poderá ordenar "a imediata apreensão do animal e o respectivo depósito em centro de recolha, a expensas do proprietário ou do detentor".
A autarca destaca, na proposta, que, "não obstante o efeito dissuasor pretendido com a postura municipal", continuam a existir cães perigosos nas casas e nos espaços camarários, "bem como a circulação dos mesmos nas áreas públicas adjacentes". Situação que, na opinião de Matilde Alves, contribui para "um progressivo clima de medo, insegurança e instabilidade entre os residentes, mas também para potenciar a prática de actividades criminosas, com a instrumentalização dos animais para esse propósito", refere-se ainda.
Centro de recolha
Os moradores, que abrigam cães perigosos em fogos camarários, devem entregá-los num centro de recolha ou assegurar-lhes outro destino. A regra, aprovada a 24 de Maio de 2005 (com o acordo de todos os partidos) e que entrou em vigor no mês seguinte, será agravada, se o Executivo portuense der aval a esta alteração da postura municipal.
Se for viabilizada na Câmara (e tudo indica que será, uma vez que a coligação PSD/PP detém a maioria absoluta), aquela proposta terá de ser autorizada em Assembleia Municipal. Após a aprovação dos deputados, a proibição de circulação e de permanência de animais perigosos nos bairros municipais (incluindo jardins, equipamentos e vias de acesso) passará a constar dos "alvarás que titulam a atribuição de habitações municipais".
No mesmo documento, a Autarquia destaca a "pertinência" da regra, introduzida em 2005, face aos "recentes episódios verificados em diversos locais do país, onde animais perigosos, especialmente cães, comprometem a segurança e a ordem pública, com danos sérios e, inclusive, perda de vias humanas".
Recorde-se que, no passado mês de Março, uma mulher ucraniana de 60 anos morreu,em Sintra,depois de ter sido atacada por quatro cães de raça rottweiller." in "Jornal de Notícias", 20/04/2007

domingo, abril 15, 2007








Farra do boi, um verdadeiro culto Satanico!!


A Farra do boi é mais um elemento da cultura popular do estado brasileiro de Santa Catarina. Esta tradição cultural polêmica foi trazida ao Brasil por descendentes de Açorianos há 230 anos, assim como a farra do boi vieram tambem as rendas, laços de fitas, boi de mão e outras tradições. Acontece em todo o litoral de Santa Catarina, onde é predominante essa descendência, em cerca de trinta comunidades geralmente de pescadores.



Um dos rituais mais selvagens envolvendo crueldade contra animais é a Farra do Boi. Todos os anos centenas de bois são torturados e mortos em mais de trinta comunidades de Santa Catarina. Em outros estados, a prática é duramente criticada.A Farra do Boi ocorre com mais freqüência na época da Páscoa, culminando na Sexta-feira Santa. Mas algumas comunidades celebram casamentos, aniversários, jogos de futebol e outras ocasiões especiais. Proeminentes empresários, criadores de gado, cidadãos, donos de restaurantes, donos de hotéis e políticos, são os que doam os bois para a "festa".
Antes do evento o boi é confinado sem alimento disponível por vários dias. Para aumentar o desespero do animal, comida e água são colocados num local onde o boi possa ver, mas não possa alcançar. A Farra começa quando o boi é solto e perseguido pelos "farristas", que carregam pedaços de pau, facas,lanças de bambú, cordas, chicotes e pedras - homens, mulheres e crianças - e perseguem o boi que, no desespero de fugir, corre em direção ao mar e acaba se afogando.


Depois de Dias, o Alívio da Morte


Fontes da WSPA-Brazil (World Society for Protection of Animals ) afirmam ter visto o gado sendo torturado de diversas maneiras: animais banhados em gasolina e depois incendiados, pimenta jogada em seus olhos que, geralmente, são arrancados. Participantes quebram os cornos e patas do animal e cortam seus rabos.Os bois podem ser esfaqueados e espancados, mas há um certo "cuidado"para que o animal permaneça vivo até o final da "brincadeira". Essa tortura pode continuar por três dias ou mais. Finalmente o boi é morto e a carne é dividida entre os participantes.


Alguns dizem que é um ritual simbólico, uma encenação da Paixão de Cristo, onde o boi representaria Judas; outros acreditam que o animal representa Satanás e torturando o Diabo, as pessoas estariam se livrando dos pecados. Mas hoje em dia a Farra do Boi não tem nenhuma conotação religiosa. Para as pessoas que moram na área litorânea, onde a barbárie acontece, a Farra do Boi é apenas uma oportunidade pra se fazer uma festa e de se ganhar algum dinheiro extra, pois alguns moradores aproveitam para vender bebidas e petiscos para os participantes.
Influenciados por seus pais, tios, familiares, as crianças aprendem desde cedo a "farrear", torturando cabritos, cachorros, gatos e outros pequenos animais. A diversão deixa de ser o pião, a pipa, as bolinhas de gude... e passa a ser a dor, o sofrimento, os gritos de desespero. Imagine-se um pequeno animal acuado, tentando escapar de dezenas de seres bem maiores que você que, com varas, pedras e pedaços de pau, lhe inflingem uma dor nunca antes sentida. Esta é a realidade destes animais que, em nome da religião e da diversão, são espancados até a morte.


quarta-feira, abril 11, 2007

Cão preso e abandonado num monte

"Esta é mais uma daquelas histórias que coloca em dúvida a tese de que todos os seres humanos são racionais. Em pleno século XXI, ainda há pessoas capazes de cometer atrocidades impensáveis contra animais.

O caso passou-se no sábado, dia 31 de Março de 2007, em Santa Marta das Cortiças (um monte muito isolado nos arredores de Braga), e só teve um final feliz graças à intervenção da ABRA.

Um cão que estava preso a uma árvore e aparentemente abandonado, no meio do monte, foi resgatado e levado para o canil municipal de Braga, no dia seguinte a ABRA arranjou uma Fat para ele.

O salvamento do animal demorou cerca de quatro horas e já passava da meia-noite quando foi possível soltá-lo.

A Associação foi contactada no sábado, ao início e ao final da tarde, por pessoas diferentes, dando conta de um cão de grande que estava preso a uma árvore, no meio do monte.

Os voluntários da ABRA foram verificar e comprovaram que de facto um cão preto de porte grande e de raça cruzada Retrevier do Labrador estava preso ao tronco de uma árvore.

A trela do animal não tinha mais do que 10 centímetros, o que nem sequer lhe permitia deitar-se. Também não tinha água, nem alimentos.

A ABRA não faz ideia de quanto tempo é que o cão esteve preso. O certo é que ele estava em pânico e não deixava ninguém aproximar-se.

Foi necessária a intervenção de um médico veterinário que aconselhou a dar calmantes ao animal. Foi ainda pedida a presença de um especialista de cães.

Não foi tarefa fácil. Demorou-se quatro horas para se conseguir aproximar do cão e soltá-lo, estava em estado de choque e muito agitado.

A ABRA agredece toda a ajuda prestada pelo César, que foi fundamental com a sua experiência profissional para o final feliz deste resgate." in http://www.abra.org.pt

Nova temporada de matança de focas


Começou no passado dia 2 de Abril, no golfo de San Lawrence, no Canadá, a matança anual de filhotes de focas para a indústria de peles. Este ano foi autorizado o abate a pauladas de quase 300 mil focas.

Os mamíferos terrestres e aquáticos sentem dor exatamente como os seres humanos. Eles precisam de cada um de nós para defendê-los. Se tiver coragem, veja o vídeo:

segunda-feira, abril 09, 2007

Multas até 44 mil euros para quem barrar cães de assistência

"Os direitos de circulação que existiam para os cães-guia para cegos foram alargados aos cães treinados para auxiliar surdos e deficientes mentais e motores, adoptando-se a designação mais lata de cães de assistência. Outra novidade da nova lei, em vigor desde o fim de Março, é a definição de multas para os infractores. Bloquear o acesso de uma pessoa com deficiência acompanhada do cão de assistência pode levar ao pagamento de entre 250 a 3.740 euros, em caso de pessoas singulares, ou 500 a 44.891 euros, quando se trate de uma pessoa colectiva.
"É uma boa lei", considera João Fonseca, presidente da Associação Beira Aguieira de Apoio ao Deficiente Visual (ABAADV), que gere a única escola em Portugal que educa cães-guia para cegos. "Será uma das melhores da Europa", defende Liliana de Sousa, dirigente da Ânimas - Associação Portuguesa para a Intervenção com Animais de Ajuda Social, que treina cães que auxiliam pessoas surdas ou com incapacidade motora.

O decreto-lei 74/2007, publicado em "Diário da República" a 27 de Março, revoga o 118/99 que era apenas dedicado ao cão-guia e consagra a entrada de cães de assistência a locais, transportes e estabelecimentos de acesso público quando acompanhados por pessoa com deficiência, treinador habilitado ou família de acolhimento credenciada.

A introdução de coimas visa "reforçar a garantia dos direitos das pessoas com deficiência e punir as condutas que restrinjam o exercício destes direitos e limitem a mobilidade, autonomia e independência destes cidadãos", refere o texto da lei. Caberá ao futuro Instituto Nacional para a Reabilitação (INR) a instrução do processo, cujo valor está dependente da gravidade e conduta do infractor. As verbas serão repartidas entre o Estado (50%), o INR (30%) e a força de segurança que registar a queixa (20%).

Apesar deste ser mais um argumento, a sensibilização continua a ser a prioridade. "É necessário explicar que a lei existe e que estes cães podem entrar nos locais porque são educados" para saber como se devem comportar, salienta Liliana de Sousa.

O dirigente da ABAADV elogia ainda o factor "credenciação" no que respeita às instituições responsáveis pelo treino dos cães, sendo o INR a entidade que fará o registo e divulgação dos estabelecimentos autorizados.

Treinados para ajudar

A escola da ABAADV, situada em Mortágua, tem três educadores e, desde 1999, já entregou gratuitamente mais de 50 cães-guia a cegos. No primeiro ano de vida o cachorro está com uma família de acolhimento para aprender a viver numa casa com pessoas. O treino técnico, no segundo ano, tem a finalidade de ensinar ao cão como responder perante as necessidades do quotidiano de uma pessoa sem visão. A Ânimas, com sede no Porto, tem dois treinadores e, em cinco anos de actividade, formou dois cães para auxiliar utilizadores de cadeira de rodas. Prepara-se para entregar o terceiro. Um cão-guia dá maior segurança ao cego, conseguindo identificar uma caixa multibanco ou contornar obstáculos inesperados nos passeios; um cão para surdos alerta para o choro de um bebé ou para o toque da campainha; um cão de serviço ajuda a acender luzes, recolher objectos do chão ou abrir portas. O Governo reconhece na nova lei que "a utilização de cães de assistência contribui decisivamente para a autonomia, auto-suficiência e independência das pessoas com deficiência"." in "Jornal de Notícias", 08/04/2007

Criado primeiro lar de terceira idade para burros

"Depois de toda uma vida ao serviço do dono, os burros, animais polivalentes e multifacetados, têm agora uma forma de passarem o resto dos seus dias com dignidade, naquele que é, provavelmente, considerado o primeiro lar de terceira idade destinado ao gado asinino. A iniciativa é da Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA) e está já em funcionamento em Duas Igrejas, concelho de Miranda do Douro. A ideia é simples, os animais com falta de aptidões para realizar as tarefas agrícolas que lhes eram confiadas, devido à idade avançada, são encaminhamos para uma propriedade aberta onde vão passar os últimos tempo de vida.
Este "retiro" oferece qualidade de tratamento, com vigia permanente de veterinários e tratadores que diariamente os visitam, com o objectivo de fazer uma avaliação à sua qualidade de vida e de saúde. Como em Trás-os-Montes a população está envelhecida, à semelhança do efectivo de gado asinino, a AEPGA tem agora ao dispor dos proprietários destes animais que já não apresentam condições físicas para os tratar, um serviço de recolha que encaminha os burros para um local próprio para o efeito. Segundo Miguel Nóvoa, secretario técnico da AEPGA, "estes animais morrem, muitas das vezes, sem dignidade nenhuma". Isso verifica-se porque os proprietários de animais já com idade avançada, muitas da vezes, para se livrarem dos seus burros, "abandonam-nos em descampados ou vendem-nos para servirem de alimento a animais de circo, ou matilhas de cães treinados para batidas a caça grossa".
No descampado onde está instalado o centro de recolha é possível ver os animais mais debilitados agasalhados com coberturas adequadas para não terem frio e devidamente alimentados. "Muitas das vezes este trabalhos são efectuados por grupos de voluntários", adianta Miguel Nóvoa. " Os burros, depois dos 20 anos de idade, já não apresentam valor comercial, pois já não têm potencial de trabalho e os seus proprietários querem livra-se de encargos. Por isso, são abandonados e têm um fim de vida infeliz, " explicou Miguel Nóvoa.Com o apoio dos sócios da AEPGA, os animais são recolhidos e enviados para um centro de acolhimento onde até ao momento foram reunidos cerca de 30 burros ao encargo dos técnicos da associação. De salientar que há já pessoas oriundas um pouco de todo o país que estão a contribuir financeiramente para o desenvolvimento deste lar de terceira idade para burros." in "Jornal de Notícias", 08/04/2007

sexta-feira, abril 06, 2007

Owner left dogs to starve


"A ROOFER who starved his two dogs has been banned from keeping all animals for 15 years.
Andrew Neil Puzey, 39, of St Clement's Gardens, Boscombe, allowed seven-year-old Staffordshire bull terriers Stella and Murphy to become so emaciated that their hip, spine and pelvic bones could be seen.
Bournemouth Magistrates Court heard when inspectors visited Puzey's previous home address in Somerford Road, Christchurch, on April 5 last year, they found a garden full of dog faeces and a filthy kitchen.
In another room, broken glass was discovered all over the floor, which the dogs could have stepped on, said prosecutor for the RSPCA, Matthew Knight.
Stella had an untreated ulcerated wound, overgrown claws and fractured teeth and appeared "shy and depressed".
Murphy was so thin that his skin appeared to be "glued" to his skeleton, added Mr Knight.
A veterinary examination later found that Murphy weighed just 9.1kg and Stella 9.7kg with the correct weight of an adult Staffordshire bull terrier between 17 and 19kg.
Vets said that the dogs may have been consistently starved for a period of around two months.
Puzey told the RSPCA that at the time he was out of work and "short of money", the court heard.
He pleaded guilty to two counts of causing unnecessary suffering to an animal.
District Judge Roger House also ordered Puzey to do 150 hours' community service and to pay the total court costs of £2,100 at a rate of £60 a week.
He told Puzey there was a "marked difference" between his case and cases of deliberate cruelty.
He added: "It seems to me you live in a bit of a tip yourself, let alone the dogs. The state of the place was appalling.
"You were out of work and extremely short of money. While that gives an insight into what was going on it doesn't excuse it."
Speaking afterwards Insp Graham Hammond described it as "a horrendous case of cruelty".
Both dogs have since made a good recovery and been found new homes, he said.
He added: "If you can't provide for your animals either you ask for help from the RSPCA or don't own an animal. "To allow two animals to starve for as long as two months is totally unacceptable." "

quarta-feira, abril 04, 2007

Cão-herói salva dona de engasgamento


Mulher engasgou-se com maçã e sobreviveu devido a massagem de cão

Debbie Parkhurst, de 45 anos, ficou com um pedaço de maçã entalado na traqueia e foi salva pelo seu cão, um golden retriever de dois anos, que a derrubou ao chão e utilizou uma táctica que a obrigou a cuspir a fruta, noticia o Globo.
Depois de ter ficado com a fruta entalada na traqueia Debbie decidiu aplicar um método anti-engasgo, denominado heimlich, e começou a dar murros no peito, sem grande sucesso.
Entretanto e quando já começava a sufocar, o seu cão Toby decidiu que era altura de entrar em acção.
"O Toby ficou de pé, apoiado nas patas traseiras, e pôs as patas dianteiras nos meus ombros", conta Debbie.
Depois de derrubar a dona ao chão começou a pular em cima do seu peito. "De repente a maçã saltou para fora", relembra Debbie. Em seguida Toby lambeu o rosto da dona para impedir que esta desmaiasse.
A dona de Toby afirmou ter ficado um pouco rouca e com alguns hematomas em forma de patas no peito, mas tirando estes pequenos factos mostra-se contente por ter conseguido sobreviver.
"O médico disse que provavelmente eu não estaria aqui se não fosse o Toby", assegurou, ao lembrar que depois deste episódio não se cansa de relembrar ao seu melhor amigo, vezes sem conta, "és maravilhoso".
in PortugalDiário, 02/04/2007

segunda-feira, abril 02, 2007

Santuário de cães - Ordem de despejo - Vila Nova de Gaia


A quinta, hectares a perder de vista, não é dela - é da Quimigal, uma empresa de produtos químicos industriais. E os cães, mais de 30, só são dela porque ela, Aurora Cardoso, 52 anos, empregada de limpeza da Refer, os salvou da rua, dos canis, da casa de quem queria um animal, mas não queria as responsabilidades que isso acarreta.
A maioria chegou ali, àquele terreno de Quebrantões, em Gaia, onde funcionaram as oficinas de construção da ponte Maria Pia, a morrer. Atropelados, queimados, abandonados. Deixados presos por uma corda num poste da rua ou atirados para uma valeta. Hoje, estão todos recuperados, sadios, felizes. Mesmo aqueles que convivem com a cegueira, como o Velhote; com um cancro no ouvido e um sopro no coração, como o Rambo, ou com as sequelas de um ataque de esgana, como a Ritinha. Todos os cães têm nome. E uma história triste. Vivem ali assim, há mais de 10 anos. E há sempre inquilinos novos a chegar. "São a minha vida, os membros do meu corpo", confessa dona Aurora, assustada com a possibilidade de os perder.
Há pouco mais de uma semana, um fiscal da autarquia de Gaia, acompanhado pelo vereador Guilherme de Aguiar, visitou o terreno por ser também o local recentemente escolhido pelos imigrantes romenos ilegais que depositam ali as famílias (mas que, entretanto, já abalaram para outras paragens). E, aparentemente, também um desacato que suscitou a queixa dos vizinhos.
Tropeçaram, incrédulos, no que dona Aurora diz ser "um santuário de cães", por todos terem milagrosamente sobrevivido à morte, e exigiram-lhe que saísse dali. O funcionário assegurou que no dia seguinte mandaria uma carrinha para levar os animais para o canil; o vereador, mais sensibilizado, concedeu-lhe 60 dias para resolver a situação. O prazo já começou a contar.
"Sei que estou ilegal"
"Não tenho nenhum terreno para levar os cães nem dinheiro para alugar um espaço", desespera a mulher, sem saber a quem pedir ajuda. "Eu sei que estou ilegal, eu sei", repete. "E não quero problemas com a Câmara nem com ninguém. Só queria uma alma milagrosa que me ajudasse". Que a ajudasse, cedendo-lhe um espaço, ou, à falta de melhor alternativa, a angariar dinheiro para que possa adormecer os cães com dignidade num veterinário. "É um crime termos que recorrer à sentença de morte, mas se forem para o canil vão ser maltratados outra vez. Vão morrer na mesma, mas com muito maior sofrimento". Doá-los também está fora de questão. "A experiência diz-me que não vale a pena voltam a ser abandonados e vítimas de maus tratos". A quinta está cheia de exemplos: a Barbie, uma dálmata, apaixonou o dono quando era bebé, mas foi devolvida quando cresceu; a Ritinha foi levada por uma "estudante universitária com bom aspecto, mas devolvida sem explicações algumas semanas depois".
Dona Aurora - prémio Maria da Luz atribuído, pelo JN, há cinco anos, a quem defende uma causa animal - deixou de escolher tutores para as crias. Até porque exigia acompanhá-los e nem sempre as pessoas estavam disponíveis para isso. Ajudada na causa pela amiga Fernanda Tentúgal, 43 anos, garante que "não toma café", prefere "não comprar uma camisola ou uns sapatos novos" para conseguir adquirir os antibióticos para os animais. E também a alimentação, para os castrar e desparasitar. E há os jovens, Vânia, Bruno e Tiago, todos com 18 anos, que vêm de propósito de Oliveira do Douro para a ajudar. "É a melhor forma de passar os tempos livres".
in "Jornal de Notícias", 2 de Abril de 2007